quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dois pesos e duas medidas

Quem se lembra da rasteira do Diego Souza no jogador Domingos, do Santos, nas semi-finais do Campeonato Paulista? Agora, alguém se lembra do Diego cumprindo suspensão? Eu não lembro. Mais pro Sul do país, um dos principais jogadores do Internacional foi julgado e suspenso pelo ilustríssimo STJD. D'Alessandro pegará (ainda não definitivo, pois cabe recurso) 60 dias de suspensão. Mas ora, por que a "tentativa de agressão" de D'Alessandro merece 60 dias de punição e a "agressão" de Diego Souza merece apenas quatro jogos a serem cumpridos no Paulistão que vem? Eu te respondo: porque D'Alessandro é argentino e joga em um clube gaúcho, enquanto Diego Souza joga em um dos mais poderosos clubes do Eixo Rio-SP.

Não é de hoje que o STJD, controlado pelo Sr. Paulo Schimidt, se mostra caseiro e bairrista. Ano passado, vi, com meus próprios olhos, o goleiro Rogério Ceni empurrar o bandeirinha da partida Botafogo x São Paulo, no Engenhão, e o auxiliar "catar cavaco". Mas nada aconteceu ao goleiro do São Paulo. Enquanto isso, o Grêmio, que brigava pelo título, tinha seus jogadores punidos por soladas em divididas, faltas por trás ou até mesmo por ter levado tapinha no bumbum, caso do zagueiro Réver.

O "fardo" de ser argentino também é outro a ser carregado por D'Alessandro. Infelizmente, aqui no Brasil, nos acostumamos a ver os jogadores argentinos como invasores, como jogadores que tomam o lugar que deveria ser de um jogador brasileiro. Então, tudo que um jogador argentino faz toma proporções maiores, tanto no STJD, como na imprensa. Volto ao tempo pra lembrar o caso do zagueiro Lugano - que não é argentino, mas é igualmente estrangeiro -, que após dar um "cotovelaço" em um jogador do Atlético-PR foi chamado até de animal na imprensa. Kléber, do Palmeiras, quando distribuia suas cotoveladas, era louvado como "O Gladiador". Mais recentemente, vimos o caso do argentino Maxi López, que supostamente chamou o volante Elicarlos de "macaco". O caso foi tratado com total indignação pela mídia, com razão acho eu, que sou totalmente contra o preconceito. Porém, a mídia não se indigna quando Maxi, Conca, Guiñazu, Maxi Biancucchi, Herrera, D'Alessandro e tantos outros são agraciados com as palavras "argentino de m...", "argentino filho de não sei quem", e por aí vai.

A cultura no futebol brasileiro tem que ser modificada. O que serve pra um tem que servir pra todos. Os jogadores não podem ser punidos de acordo com o clube ou a região geográfica em que atuam, nem por sua nacionalidade, mas deve ser punido pelos seus atos. O STJD se mostra cada dia mais deplorável e desorganizado, e isso atrapalha o futebol, nosso futebol...que já não anda lá muito bem das pernas!

Por Filipe Rangel

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